Santiago de Compostela
A melancólica e violenta costa da Galícia, com suas ondas fustigando incessantemente os rochedos, por séculos proveu as mesas locais dos pescados que lhe fizeram a fama. Por ali chegaram também, diz a tradição, os restos do apóstolo Tiago, fato que colocaria esse canto da Europa no mapa de milhares de peregrinos. Colonizada por tribos celtas que por ali deixaram vestígios tão insuspeitos como a gaita de foles, sua cultura é única – baseada no galego, o idioma latino mais próximo do português –, orgulhosa e cada vez mais valorizada pelos jovens. Se sua natureza é verde e deslumbrante, a maior atração da região está sem dúvida em Santiago de Compostela e toda a mística acerca da lendária descoberta dos despojos do apóstolo.
Braga
Braga é uma das cidades com mais história em Portugal, tudo isso fica muito visível no primeiro momento que você chega à cidade. Braga é cheia de monumentos e igrejas, tudo isso faz com que Braga seja considerado um dos principais centros religiosos de Portugal; e portanto um dos locais indicados para quem busca fazer turismo religioso. Um dos principais pontos da cidade é a Igreja da Sé, que exibe vários estilos, desde o romano ao barroco. Mas as atrações de Braga não terminam por aí. São inúmeras opções e fica mais fácil você ter um bom roteiro do que ver quando chegar até Braga para não perder nada.
Porto
O Porto não tem a luz nem as cores de Lisboa. É uma cidade coberta de granito, quase sempre cinza. Mesmo assim, apaixonante, logo à primeira vista. Essa primeira vista é a que se tem quando o carro, comboio ou ônibus passa por cima do Rio Douro, revelando o casario da Ribeira arrumado na suave colina. A cidade deu nome a um dos mais cobiçados vinhos do planeta, o adocicado e aromático vinho do Porto. E enriqueceu graças ao comércio da bebida.
Ganhou, no século 17, o apelido de Invicta, pois apoiou heroicamente D. Pedro IV na sua luta contra os absolutistas. Até hoje, os portuenses se orgulham desse e de outros feitos, como o de 1415, quando, para a conquista de Ceuta, doaram toda a carne de qualidade para a Armada, ficando apenas com as tripas dos animais. Assim surgiu a alcunha “tripeiros”, além de um dos pratos mais típicos: as tripas à moda do Porto. Os tripeiros vivem em rixa com os alfacinhas (de Lisboa), tal como os paulistas e cariocas. Difícil é escolher entre Lisboa e Porto, a cidade maravilhosa. Ambas são de enfeitiçar.
Coimbra
Apesar das construções seculares, um ar de jovialidade contagia as ruas da honorável Coimbra. Também, pudera: todos os anos, cerca de 50 mil estudantes lotam as salas da sua famosa universidade, cuja torre, com traçado de coruja – o símbolo da sabedoria –, paira do alto como a revelar para quem vem da autoestrada a sua pendência natural aos livros. São os seus sinos e relógios que, desde 1733, chamam os alunos às aulas.
Coimbra foi capital de Portugal entre 1139 e 1256, quando o primeiro monarca lusitano, Afonso Henriques, decidiu transferir o comando da nação de Guimarães para um local mais ao Sul. Desde então, foram erguidos diversos monumentos que resistem até hoje e parecem fazer questão de impor certa sobriedade à alegria juvenil, regada a cerveja, que impera nas ruas, cafés e salas de aula. Um contraste entre o velho e o novo que virou marca registrada da região.
Catedrais da Sé, por exemplo, há duas: a Velha e a Nova. Descendo a colina de Alcáçova na direção do Rio Mondego, o turista ainda encontra os conventos de Santa Clara-a-Nova e de Santa Clara-a-Velha, onde Inês de Castro recebia as cartas de amor de Pedro. Não à toa, a canção Coimbra – onde se passou “a história dessa Inês tão linda” –, é a música mais cantada na Terrinha.
Fátima
Em 1917, três crianças pastoras — Lúcia de Jesus, Francisco Marto e Jacinta Marto — testemunharam uma suposta série de aparições da Virgem Maria. Cercados inicialmente de descrença por parte da população e da própria igreja católica, fenômenos naturais ocorridos durante um dos eventos fez muitos mudarem de ideia.
Hoje a pequena cidade de Fátima, o mais importante santuário católico de Portugal, atrai anualmente cerca de 4 milhões de peregrinos. Boa parte desta grande popularidade veio da força do culto mariano, rejuvenecido no século 20, e também de sua adoração por parte do papa João Paulo II. O santo padre polonês, guardião dos três mistérios revelados pela Virgem às crianças, visitou Fátima por três vezes e beatificou duas das crianças — os irmãos Francisco e Jacinta — em 13 de Maio de 2000, aniversário da primeira aparição. Lúcia, prima dos outros dois pastorinhos e falecida em 2005, teve seu processo de beatificação iniciado em 2008.
O principal centro de peregrinação da cidade é a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, consagrada em 1953. Por sua ampla praça principal chegam milhares de fiéis, muitos percorrendo o caminho final de joelhos ou prostrados. Muitos fazem vigílias noturnas, rezando o terço a luz de velas, em datas comemorativas e relembrando as datas das aparições. Os dias 13, e principalmente os de maio e outubro, costumam lotar a cidade de pessoas.
Lisboa
Os sons vão do melancólico fado ao delicioso (e por vezes ininteligível) sotaque. Os aromas que vêm de confeitarias e restaurantes despertam a gula. Esparramada pelas colinas que ladeiam o lendário Rio Tejo, Lisboa tem telhados vermelhos e azulejos coloridos.
Becos e ruelas guardam preciosidades de um rico passado. O nosso próprio passado. Há templos como o Mosteiro dos Jerônimos e museus antigos como o do Carmo e o Calouste Gulbenkian.
Sim, o fado, o bacalhau e a Torre de Belém sempre devem fazer parte do roteiro, mas a Lisboa do século 21 reserva aos seus visitantes belas surpresas como o Centro Cultural de Belém, o extraordinário Oceanário, o MUDE, Museu do Design e da Moda, e restaurantes e hotéis descolados.
Prepare as pernas para andar bastante por uma topografia íngreme. Mas, roubando uma frase de Fernando Pessoa, tudo vale a pena se o prêmio é conhecer essa cidade que é capital do país desde 1255, sobreviveu a um terremoto devastador em 1755 e hoje é um cenário ancestral pronto para ser explorado por quem não tem preguiça de andar.